domingo, 20 de maio de 2012

PRESENTE DE DOMINGO...

Criança pulando carniça – Detalhe do painel Paz de Portinari

NA GANGORRA DOS HOMENS

Paulo D’Auria

I
As mãos,
as mãos,
as mães.
A mãe com o filho nos braços está de costas,
a mãe com o filho nos braços é uma pietá de rosto coberto,
a mãe e o filho nos braços feito uma boneca, de pau,
a mãe e o azul do filho morto.

As mães,
as mães,
as mãos.
As mulheres choram com as mãos na cabeça
sobre os cabelos desgrenhados,
As mãos erguidas ao céu em prece
sobre os cabelos rabiscados,
as mãos cobrindo as faces
dessas desgraçadas pietás sem rosto.

A morte vem cavalgando vermelha
sobre seu cavalo rabiscado,
desgraçado,
desgrenhado
à lápis.
A morte cavalgando em seu puro sangue.

II
No balanço do tempo
as crianças alçam voo,
no diabolô do tempo
as crianças se reinventam,
no coro do tempo,
as crianças.

Na gangorra dos homens
e no balanço do tempo.
Na gangorra dos homens,
e no balanço do tempo
o mundo segue seu curso não-inevitável
e as crianças brincam
simplesmente.




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