domingo, 20 de maio de 2012

A BABACA E O SABIDO




Tenho andado muito em São Paulo. De metrô, “de a pé”, como dizem por aqui, de ônibus e de táxi. Com metrô e ônibus não há problemas porque as rotas são as mesmas e só temos que escolher a que melhor nos servirá. Quanto aos táxis...

Eu já precisei andar de táxi umas 8 vezes nesses dias que estou aqui e tudo corria muito bem até quinta-feira passada, quando voltei de táxi de um teatro.

Fui assistir ao excelente musical estrelado por José Mayer, “Um violinista no telhado”, que está sendo apresentado no Teatro Alfa, que fica em Santo Amaro, numa rua paralela à Marginal Pinheiros. Estou hospedada no Sumaré, a 5 minutos do metrô da Vila Madalena, um lugar muito legal, apesar de bastante frio.

Daqui de onde estou hospedada até o Teatro Alfa é longe! Para ir meus amigos me levaram, mas para voltar tive que vir de táxi, já que a sessão acabou às 23h50 (são 2h e 35min de espetáculo).

Na porta do teatro há um ponto de táxi e eu peguei o que estava na vez. Os problemas começaram logo na saída, pois o taxista não programou o GPS com o meu endereço e eu não conseguia achar o encaixe do cinto de segurança, o que o ele resolveu parando para puxar o encaixe, pois me recusei a continuar a corrida sem cinto.

Na Marginal, talvez para testar meu cinto de segurança, ele chegou à velocidade de 100/120km, mas não falei nada. Como meu sotaque nordestino me entrega, ele começou a conversar e perguntou há quanto tempo eu morava em SP. Respondi que não morava e que estava a passeio, fato que ele comprovaria mesmo que eu não tivesse falado porque não conhecia os caminhos pelos quais ele estava indo.

Ele continuou a conversar e até a perguntar coisas da minha vida, como a minha idade, coisa que não nego nem escondo nunca.

Eu havia perguntado no ponto de táxi perto da casa dos meus amigos, quanto daria uma corrida do teatro até aqui e os motoristas estimaram em 50,00. E agora procurei no site onde calcula as tarifas de táxi e ele me deu um resultado de 57,87 na bandeira 2 para táxi comum, que é o do taxista em questão. Baseada nesse valor dado pelos taxista do bairro, levei exatos 87,00 para o teatro. Antes de entrar tomei um chocolate quente para passar o frio, que custou 4,00, então fiquei com 83,00.

E lá vínhamos nós pela Marginal Pinheiros e o taxímetro danado correndo. Quando o valor chegou aos 50,00 disse a ele que o dinheiro que tinha na carteira talvez não desse para pagar, mas que eu subiria para pegar o resto, no que ele concordou de pronto. Também perguntei se ele trabalhava com cartão de crédito (estava com o Mastercard na bolsa) porque aí nem precisaria esperar, eu pagaria com o cartão, mas ele disse que não e que esperaria eu ir pegar o dinheiro. E toca nós a andar!

Comecei a achar que ele estava fazendo um trajeto muito longo, o que comprovei depois de contar aos meus amigos por onde ele veio, e com isso comecei a ficar nervosa e a reclamar. Na Av. Sumaré, por onde ele não precisava ter vindo, parou para programar o GPS e eu reclamei dizendo que isso era para ele ter feito na saída do teatro, se ele não conhecia o trajeto. Ele deu a desculpa esfarrapada de que não programou para o GPS não mandar a gente para uma favela. Me poupe!

Depois de muitas voltas e de muita reclamação minha, chegamos ao prédio dos meus amigos. A corrida deu 96,50 e eu só tinha 83,00. Disse a ele que esperasse que eu ia pegar o dinheiro e nesse  momento o infeliz mostrou o canalha que é.

Ele desceu do carro com o celular na mão dizendo que ia chamar a polícia porque eu não queria pagar, que eu deveria deixar um documento e dar uma parte do dinheiro a ele. Meu documento eu não daria e jeito nenhum, pois ele poderia ir embora com a minha identidade. Quis dar 50,00 e pegar o resto, mas ele não quis, então dei 80,00 e mesmo assim ele estava impedindo minha entrada no prédio.

Quando pedi ao porteiro, via interfone, para abrir o portão, ele disse que não abrisse porque eu não queria pagar e ia chamar a polícia. Disse a ele então que chamasse e aí a gente ia ver quem estava usando de má fé. A confusão que ele fez foi tanta que a minha amiga acordou e pôs a cabeça na janela perguntando o que estava acontecendo. Respondi que o taxista estava duvidando que eu fosse pegar o resto do dinheiro. Ao ver minha amiga ele baixou a bola e saiu da frente do portão para eu entrar.

Eu tremia de raiva e de vergonha por passar por esse vexame desnecessário na porta do prédio da minha amiga, que é a síndica, depois da meia-noite, com o risco de acordar mais gente.

Peguei o dinheiro e entreguei ao canalha, não antes de dizer a ele que não sou a trambiqueira que ele imaginou e que faria uma reclamação formal contra ele. A minha vontade era dizer uns desaforos àquele cretino, mas não disse em respeito aos meus anfitriões e aos outros moradores do prédio.

Olhei a placa do carro, mas, de tão nervosa e chateada, esqueci de olhar a identificação do veículo, já que ele faz parte de uma cooperativa, fato que comprovei porque, no trajeto, ele falou pelo rádio com a central.

Entrei e contei o caso à minha amiga e depois abri o computador para reclamar. Achei o local no site da Prefeitura de SP. Preenchi o formulário, mas quando coloquei a placa deu que ela não está nos registros da Prefeitura. Ou a placa não existe como táxi ou eu anotei errado, de tão nervosa que fiquei. Fora a placa a gente coloca também o ponto de táxi e outras informações. E pode reclamar como anônimo ou dar os dados do reclamante. Na hora de fazer cliquei errado e entrou como anônimo, mas como eu tinha copiado a reclamação, abri outro formulário e coloquei meu dados todos, inclusive telefone e email.

Ontem olhei para ver se tinha alguma informação (eles dão um número de registro), mas não havia nada. Vou continuar olhando para ver no que vai dar.

O que mais me chateou nesse episódio foi o fato dele achar que eu não ia pagar, quando, desde que vi que o dinheiro que tinha na carteira não seria suficiente, eu disse que subiria para pegar o resto ou, se ele trabalhasse com cartão, pagaria logo, mostrando que não queria dar um golpe nele. Mas acho que, como ele aumentou o trajeto para ganhar mais e eu percebi, então ficou com medo de eu não pagar para compensar a sacanagem dele. Jamais faria isso. Mesmo sendo lesada, eu pagaria, como paguei, o que o taxímetro estava mostrando.

Minha cunhada diz que, todos os dias, sai um sabido e um babaca de casa e quando os dois se encontram, tadinho do babaca! Certamente eu fui a babaca de quinta-feira, mas esses “sabidos”, um dia também são babacas e aí eles se ferram. Com esse não vai ser diferente. Pena que eu nunca vou saber disso para dar risadas.

Fátima Vieira

Imagens Google


Um comentário:

Luciana disse...

Amiga,

que situação chata! Esse homem é um marginal! Uma verdadeira alma sebosa.

Fico contente que tudo deu certo, mesmo que tenha pagado mais para se livrar dele.

Bjs