quinta-feira, 21 de julho de 2011

Carta de Deusimar Guedes à sua filha Raiza, morta em acidente de trânsito



Raiza, meu amor!

Só hoje estou lembrando que nestes seus mais de dezessete anos de vida na terra eu nunca lhe escrevi uma carta. Assim, resolvi me comunicar com você desta forma, talvez antiquada para o mundo atual, em que as pessoas se comunicam com equipamentos eletrônicos de tecnologia moderna como: computadores portáteis, telefones móveis e similares. Mesmo assim insisto em escrever-lhe esta carta para lhe dizer coisas que o dito mundo moderno não nos dá tempo para dizer. Pais e mães da modernidade precisam trabalhar mais de uma dezena de horas por dia para suprirem seus desejos de consumo desenfreado, imposto pelo capitalismo selvagem, onde o “TER” é bem mais importante que o “SER”. Assim, as relações humanas, mesmo entre os familiares e entes queridos são sempre momentâneas e voláteis.

Desta forma, descrevo nesta carta algumas coisas que não tive tempo de lhe dizer.

Só agora percebo, querida filha Raiza, quantos caminhos desta vida eu não pude lhe mostrar.

Porque você partiu tão cedo meu anjo? Dizem que foi Deus que a chamou para assessorá-lo lá no céu. Mas ele não me emprestou você para que eu pudesse educar? Diga pra Deus que, apesar de eu ter lhe ensinado a não fazer uso abusivo de drogas, a respeitar o próximo, a escolher bem as companhias, a não dirigir antes dos dezoito anos, a jamais cruzar o sinal vermelho no trânsito etc, eu não tive tempo de lhe dizer que, apesar de agirmos sempre de acordo com estes ensinamentos e amar o próximo, existem pessoas que desrespeitam, que abusam de drogas lícitas e ilícitas, que dirigem embriagadas, que avançam o sinal vermelho, que atropelam e matam pessoas inocentes quando do retorno das suas orgias noturnas. Perdão minha filha, porque apesar de ter lhe feito acreditar que o mundo é dotado de mais trigo do que joio, no nosso Brasil, muitas vezes os trabalhadores responsáveis pela retirada do joio do meio do trigo falham, e, consequentemente, o bom e saudável trigo é injustamente destruído.

Deusimar Guedes, o pai
Perdão meu amor, por ter me esquecido de lhe advertir sobre a constante presença de ervas daninhas, mesmo num plantio de propriedade de Deus. Prometo que continuarei lutando para cumprir o que lhe ensinei e prometi, ou seja, a busca de um mundo melhor, mais justo e mais humano, onde o joio não continue destruindo e sufocando o trigo.

Devo dizer que não está sendo fácil, é uma luta desigual. Assim, já que você está ai no céu, fale com Deus, e diga-lhe que preciso de forças para enfrentar o momento mais triste da minha vida. Além do luto da partida precoce de minha amada filha “caçula”, ainda tenho que manter o coração brando e não alimentar o sentimento de vingança tão presente em nós, imperfeitos seres humanos, sentimento este muitas vezes alimentado pela sensação de injustiça reinante aqui na terra.

Nunca esqueça que te amo. Saudades sem fim.

Assinado: seu imperfeito e relapso pai aqui da terra.

PS: homenagem a minha filha Raiza, morta por um reincidente assassino do trânsito no dia 16.07.2011, em João Pessoa/PB.

Rodrigo Fonseca, o assassino

2 comentários:

lycia guedes disse...

ela queria u que eu queria conhecer minha familia ela nao conseguio conhecer atenpo mas deus sabe u que faz nao sofra ela vai achar ruin pos ainda teve achanse de te conhecer

lycia guedes disse...

sinto muito pela morte dela mas ela estar feliz com deus apesar de nao ter tido achanse de conhecer a familia mas o senhor nao teve a culpa por que com certeza vc queria que ela tivesse contato com a sua familia mas ela teve achanse de ti conhecer como eu queria conhecer meu pai beijo ti adoro